JUROMENHA 1
Recinto com uma extensão superior a 260m, cuja imagem global não foi possível obter.
Apresenta três fossos e registam-se algumas concentrações de fossas, nomeadamente a Noroeste, entre os fossos 2 e 3.
O fosso mais exterior desenvolve-se em forma de espiral, conferindo a este recinto uma configuração particular.
É composto dois recintos internos formados por fossos com uma sinuosidade irregular, com alguns lóbulos. Entre estes dois fossos existem pelo menos dois outros radiais e que compartimento esse espaço intermédio, uma situação pouco conhecida nos recintos alentejanos. Pelo exterior destes dois recintos existe um terceiro fosso, que se desenvolve em forma de espiral, iniciando-se junto ao segundo fosso, contornando-o por Este e Sul e aparentemente terminando na ribeira, gerando uma planta muito particular. Também este terceiro fosso apresenta uma sinuosidade irregular, com alguns lóbulos espaçados. É visível uma entrada no fosso 2, orientada a Norte e outra no fosso mais interno, orientada a Este. O sítio foi sujeito a algumas escavações em 1998, durante a construção do empreendimento da barragem de Alqueva, nas quais se sondou o fosso mais externo, que apresenta um perfil em “V” com 2,5m de largura e 1,7m de profundidade. No interior desse fosso foi registada a deposição de grandes fragmentos de recipientes cerâmicos, assim como abundantes restos de fauna doméstica (bovinos, ovicaprinos, suíno, coelho, cão) e selvagem (equídeos, cervídeos, lebre, anfíbios). À superfície foi ainda recolhido um fragmento cerâmico com representação de um nariz e possível olho humanos, parte de um recipiente antropomórfico.
A implantação topográfica deste recinto assume igualmente um carácter particular no conjunto dos recintos alentejanos, ao situar-se numa área plana, muito próximo de um grande rio (o Guadiana), e junto à foz de uma ribeira subsidiária deste rio, numa zona parcialmente alagável. De facto, os recintos de fossos apresentam implantações muito diversificadas nas paisagens: topos aplanados de cabeços mais ou menos proeminentes, suaves vertentes, zonas planas, bacias em anfiteatro ou vales abertos atravessados por ribeiras. A situação evidenciada em Juromenha 1 é menos comum, mas poderá ter um paralelo próximo no recinto (da mesma época) de Águas Frias (igualmente no Alandroal), junto à ribeira do Lucefecit, na qual os seus fossos também parecem terminar. Por outro lado, encontra-se praticamente no sopé de uma grande elevação (onde se localiza a fortaleza de Juromenha), revelando uma opção por uma implantação sem qualquer controlo sobre a paisagem envolvente. Pelo contrário, o recinto é, em termos visuais, completamente controlado a partir dessa elevação, numa situação também ela única no contexto dos recintos alentejanos.
Sondagens arqueológicas e prospecções geofísicas por magnetometria.
Mataloto, R.; Pereiro, T. do; Roque, C.; Costa, C.; André, L.; Pereira, A.; Calado, M. (2018) – O Neolítico de Juromenha 1 (Alandroal, Alentejo Central: 20 anos depois. Revista Portuguesa de arqueologia. 21: 25-43.
Localização administrativa
Herdade do Monte Branco, freguesia de Juromenha, concelho do Alandroal, distrito de Évora.
Acesso
Propriedade privada. Terreno plantado. Acesso ao ponto de Observação no interior da povoação de Juromenha: carro normal.
Coordenadas do sítio (centro)
38.742039, -7.232754
ou
38°44'31.3"N 7°13'57.9"W
Ponto de Observação
https://goo.gl/maps/dMC4TQtUCLwcxkLQA
Localização Google Maps
https://goo.gl/maps/LdGgY2M7y1fDFh1q7
Cronologia
Neolítico Final. Segunda metade do 4º milénio a.C. (3300-3000 a.C.)