Existem inúmeras anomalias (pontos negros no magnetogarma) que correspondem a fossas escavadas na rocha dentro e fora dos recintos. Cada recinto tem apenas uma entrada, estando as três entradas alinhadas a 124º, coincidindo com o que seria pausa lunar maior.

“Os fossos são de sinuosidade muito regular, formando lóbulos semi-circulares. Apresentam larguras entre 2 e 4 metros, podendo atingir profundidades de de 2 a 3 metros. De dentro para fora, delimitam áreas de 279m2, 3313m2 e 14650m2. À superfície, registaram-se fragmentos de recipientes cerâmicos, um fragmento cerâmico com decoração simbólica, fragmentos de ídolos de calcário, percutores esferóides e material de pedra talhada.
O sítio localiza-se numa vertente muito suave, virada a Este, para onde o horizonte visual se estende sem barreiras. A Sudeste vê-se a elevação onde se implanta a cidade de Beja e para Nordeste a serra de Portel marca o horizonte. Trata-se de uma implantação sem qualquer preocupação de natureza defensiva, privilegiando uma orientação a nascente. Seria um local cerimonial, um lugar de forte sacralidade, onde decorreriam praticas ritualizadas em determinados momentos do ciclo anual.”

Trata-se do exemplo mais destacado dos recintos sinuosos com lóbulos padronizados da bacia do Guadiana, tendo os seus principais paralelos na região em Santa Vitória (Campo Maior), Rouca 7 (Sousel), Outeiro Alto, Borralhos e Folha do Ouro (todos em Serpa). Mas em Xancra surgem bem evidentes dois aspectos importantes para a compreensão deste tipo de recintos de fossos. Por um lado, a orientação alinhada das entradas a um evento astronómico, documentando a forma como muitos destes recintos incorporam aspectos cosmológicos e simbólicos nos seus desenhos arquitectónicos. Por outro, o carácter segmentado da construção de alguns dos fossos, e que é visível na imagem geofísica. Os fossos não são contínuos e abertos de uma só vez, mas construídos por pequenos troços que se vão adicionando, por vezes cortando parcialmente o troço anterior (nalguns recintos tal acontece quando o troço anterior até já está preenchido). Troços abertos e intencionalmente preenchidos com o resultado das actividades periódicas que ali ocorrem vão sendo adicionados, formando progressivamente a delimitação exterior do recinto, mas com um desenho coerente relativamente aos fossos interiores, evidenciando um claro planeamento.

Prospecção de superfície e prospecção geofísica por magnetometria.

Valera, António Carlos, (2008), “O novo recinto de fossos calcolítico de Xancra (Cuba, Beja)”, Apontamentos de Arqueologia e Património, 2, NIA-ERA, p.23-26 / Valera, A.C. e Becker, H. (2011), “Cosmologia e recintos de fossos da Pré-História Recente: resultados da prospecção geofísica em Xancra (Cuba, Beja)”, Apontamentos de Arqueologia e Património, 7, Lisboa, NIA-ERA Arqueologia, p.23-32.

Localização administrativa
Freguesia e Concelho de Cuba, Distrito de Beja.

Acesso
Propriedade privada. Acesso ao sítio condicionado. Ao Ponto de Observação: Acesso em viatura normal. Actualmente encontra-se em terreno cultivado regularmente.

Coordenadas do sítio (centro)
38.147395, -7.897911 ou 38°08'50.6"N 7°53'52.5"W

Ponto de Observação
38.146334, -7.898818

Localização Google Maps
https://goo.gl/maps/SDoxkPy9ic4tQF4X7

Cronologia
Idade do Crobre, 3º milénio antes de Cristo.