TORRÃO
Pequeno recinto com um único fosso, de planta subcircular e com fossas pelo exterior e pelo interior.
Do lado sul, no exterior do recinto, existe um conjunto de pequenos menires que formariam um cromeleque. Mais a sul, foi registado um monumento megalítico cistoide de pequenas dimensões.
O recinto apresenta uma extensão máxima de cerca de 60m. O único fosso presente tem em média 1.5m de largura por 1m de profundidade. Quer no interior do fosso quer em várias fossas escavadas foram recolhidos fragmentos de recipientes cerâmicos (vasos esféricos e globulares, taças carenadas e simples de bordo espessado), pesos de tear, instrumentos em pedra talhada (pontas de seta, segmentos de lâminas de sílex retocados), utensílios de pedra polida (machados) e inúmeros fragmentos de dormentes de mós manuais. O recinto implanta-se no topo aplanado de um pequeno cabeço com uma ampla visibilidade sobre a paisagem. Pelo exterior do recinto encontram-se espalhados vários pequenos menires. A cerca de 120m para Sudoeste afloram quatro esteios de uma pequena cista proto megalítica (Sepultura 1 do Torrão).
A maior particularidade que o recinto do Torrão apresenta é a sua associação a um pequeno cromeleque. No estado actual dos conhecimentos não é possível dizer se a construção de ambos os recintos (o de fosso e o de menires) foi contemporânea ou se o recinto megalítico foi anterior. Em função das cronologias antigas que têm sido propostas para os cromeleques alentejanos, esta última hipótese parece viável. Assim, a pequena colina já estaria monumentalizada e seria um lugar significante quando ali foi construído o recinto. Esta situação evoca o que se conhece nos Perdigões, onde um cromeleque também parece ter antecedido a construção dos recintos de fossos, ou o Outeiro Alto (percurso sul), onde o recinto foi atraído para um espaço já sacralizado. São exemplos de como a construção de vários recintos se articula com leituras prévias das paisagens e de lugares de forte carga simbólica.
Escavações arqueológicas.
Lago, M.; Albergaria, J. (2001) – O Cabeço do Torrão (Elvas): contextos e interpretações prévias de um lugar do Neolítico alentejano, Era Arqueologia, 4: 39-62.
Localização administrativa
Freguesia de Barbacena, concelho de Elvas, distrito de Portalegre.
Acesso
Acesso de viatura normal ao ponto de observação. Deixando aí a viatura, é possível aceder a pé até ao topo do pequena cabeço onde se localiza o recinto.
Coordenadas do sítio (centro)
38.981286, -7.275086
ou
38°58'52.6"N 7°16'30.3"W
Ponto de Observação
38.981643, -7.272568
Localização Google Maps
https://maps.app.goo.gl/qzhXVM2Sw1AUsKBQ9
Cronologia
Neolítico Final (3300-3000 a.C.)