Pelo interior e exterior existem várias fossas escavadas no subsolo, umas mais antigas que o recinto e outras suas contemporâneas.

O fosso apresenta um diâmetro de cerca de 30m, um perímetro de 99, uma largura que varia entre 2 e 3m e uma profundidade média de 1.55m. Os materiais recolhidos no fosso e fossas correspondem a fragmentos de recipientes cerâmicos, pesos de tear, restos faunísticos, tendo sido depositada numa das fossas um crânio de equídeo. Estamos perante um pequeno espaço delimitado por um fosso sinuoso e padronizado, com uma orientação astronómica da entrada a um ponto significante do calendário solar (solstício de Inverno), características que apontam para uma inequívoca fundamentação ideológica e cosmológica incorporada na sua arquitectura. Trata-se de um exemplar dos recintos monumentais e cerimoniais de fossos sinuosos padronizados característicos da bacia do Guadiana, tais como Santa Vitória ou Rouca 7 no Norte alentejano (roteiro Norte), ou os vizinhos Borralhos, Folha do Ouro e Monte da Laje (todos em Serpa e constantes do roteiro sul). Foi preservado em ilha no interior de um reservatório de água construído no âmbito da rede de rega do empreendimento de Alqueva.

A particularidade deste recinto cerimonial, até agora não registada em nenhum outro, é implantar-se no topo de um pequeno cabeço onde já existia previamente uma necrópole de hipogeus Neolítica em torno a um monumento circular de madeira (situada na área do actual portão de acesso ao reservatório) e onde, posteriormente ao recinto, se localizou (na área do canto Sudoeste do reservatório) uma necrópole de hipogeus já da Idade do Bronze. Integra, pois, uma sequência intermitente de ocupação da colina do Outeiro Alto, entre o Neolítico (3300-2900 a.C.) e a Idade do Bronze Pleno (2000-1500 a.C.). Sempre com contextos de forte carga ritual, contribuindo para configurar este lugar como um espaço de tradição e de ritualidade de longa duração. Um lugar com um carácter particular, onde sobressai um sentido de ancestralidade e de sacralidade e onde se evidencia a profundidade temporal que os espaços sagrados podem adquirir, seja através dos vestígios materiais que exibem, seja através das memórias colectivas. E onde é a própria colina que emerge como elemento da paisagem sacralizado.

Foi identificado e intervencionado arqueologicamente no âmbito da construção de um reservatório da rede de rega da EDIA (empreendimento de Alqueva), tendo sido decidida a sua preservação em ilha dentro do referido reservatório.

Valera, A.C., Filipe, V. e Cabaço, N. (2013), “O recinto de fosso do Outeiro Alto 2 (Brinches, Serpa)”, Apontamentos de Arqueologia e Património, 9, Lisboa, Nia-Era, p.21-35.

Localização administrativa
Brinches, Concelho de Serpa, Distrito de Beja.

Acesso
Propriedade privada. Acesso ao sítio condicionado. Encontra-se numa “ilha” preservada dentro de um reservatório de água. Ao Ponto de Observação: acesso em viatura normal.

Coordenadas do sítio (centro)
38.024280, -7.564972 ou 38°01'27.4"N 7°33'53.9"W

Ponto de Observação
38.026966, -7.566013

Localização Google Maps
https://goo.gl/maps/kpKBuxupuCyMCHxb8

Cronologia
Terceiro quartel do 3º milénio antes de Cristo (2500-2250 a.C.)