Borralhos
Recinto com sete fossos, que definem recintos circulares concêntricos, mas que também revelam sobreposições que indicam diferentes fases construtivas, tendo sido propostas duas: uma primeira com três fossos e uma segunda com quatro.
Inúmeras anomalias (pontos negros no magnetograma) indicam fossas escavadas na rocha (cerca de 525), dentro e fora dos recintos. Do lado Oeste, na extremidade do magnetograma, surgem vestígios de algumas estruturas que serão de cronologia romana. Junto ao ponto de observação existe um afloramento com covinhas gravadas, o qual se poderá relacionar com o recinto.
“Na sua dimensão máxima o recinto atinge os 100m de diâmetro. Os fossos alternam entre o sinuoso padronizado e o linear com alguns pontos sinuosos, definindo recintos que têm diâmetros entre 20m para o mais interior e 100m para o mais externo. Delimitam áreas que vão dos 282m2 aos 8156m2.
A largura dos fossos variam entre 1.5m e 3m, sendo a profundidade estimada para fossos com 1,5m de largura de 0.5 a 1m de profundidade e para fossos com 2 a 3m de 1.5 a 2m de profundidade.
No conjunto dos fossos podem ser identificadas várias entradas, por vezes alinhadas e estruturadas de diferentes formas. A estruturação e localização destas entradas estarão intimamente ligadas com as formas como a circulação no interior destes recintos foi projectada e experienciada. As orientações das entradas são igualmente variadas, predominando, contudo, a orientação a Sudoeste.
À superfície, apenas se registaram alguns fragmentos de cerâmica manual e dormentes de mó manual.
O sítio está localizado no topo de uma elevação onde se localiza o marco geodésico de Borralhos. Ver e ser visto seria importante neste caso. Do ponto central do recinto a visibilidade sobre a paisagem é genericamente de 360º no entorno próximo.”
Borralhos enquadra-se no conjunto de recintos de fossos cerimoniais bem padronizados da bacia do Guadiana, encontrando os seus paralelos mais próximos nos recintos vizinhos da Folha do Ouro 1 e Monte da Laje, ambos a menos de 10km de distância. Esta padronização parece estabelecer dimensões aproximadas que se replicam em diferentes fossos e recintos. Esta métrica estabelecida e normalizada já foi relacionada com uma fundamentação astronómica e simbólica inscrita no desenho dos recintos. Borralhos é também um bom exemplo de várias sobreposições de recintos, facto revelador de periodicidade construtiva. Particularmente interessante é a maioria dos novos fossos definirem recintos que são praticamente idênticos aos anteriores no tamanho e no desenho. Exemplo flagrante é o dos fossos exteriores sobrepostos, em que grande parte dos traçados sinuosos coincidem, sendo apenas a não sobreposição em alguns pontos que permite perceber a existência de dois momentos construtivos. Esta circunstância sublinha três aspectos importantes para a análise da natureza e desempenho social deste tipo de recintos: a periodicidade de redefinição de recintos, implicando intermitência no uso / ocupação, o sublinhar de uma permanência e memória do lugar e a importância conferida ao trabalho comunitário na sua abertura, justificando a abertura de um novo fosso na mesma área do anterior, quando seria mais fácil simplesmente escavar o seu enchimento.
Prospecção de superfície e prospecção geofísica por magnetometria.
Valera, A.C.; Pereiro, T. do (2020). O recinto de fossos pré-Histórico de Borralhos (Serpa): aproximação à sua arquitectura através da prospecção geofísica. Apontamentos de Arqueologia e Património. 14: 17-28.
Localização administrativa
União das Freguesias de Vila Nova de São Bento e Vale de Vargo, Concelho de Serpa, Distrito de Beja.
Acesso
Propriedade privada. Acesso ao sítio condicionado. Ao Ponto de Observação: acesso em viatura normal.
Coordenadas do sítio (centro)
37.953304, -7.436461
ou
37°57'11.9"N 7°26'11.3"W
Ponto de Observação
https://goo.gl/maps/HzpDhsfEEzmMsJy67
Localização Google Maps
https://goo.gl/maps/VBG8RbT9ax84Tg1m9
Cronologia
Idade do Cobre, 3º milénio a.C.