Monte da Laje
Recinto composto por quatro fossos de tendência circular/ovalada concêntrica.
Os três fossos mais interiores apresentam um desenho sinuoso padronizado, formando lóbulos semi-circulares, enquanto o fosso exterior apresenta um ligeiro ondulamento, aparentemente mais irregular.
Cerca de 1/4 do recinto encontra-se sob o actual Monte da Laje.
Existem igualmente anomalias que correspondem a fossas escavadas no substrato rochoso.
“A sua extensão máxima atinge cerca de 190m e as áreas delimitadas pelos fossos estão entre 434m2 e 11489m2 para os três interiores (o exterior é menos perceptível em todo o seu traçado). O fosso exterior, na zona onde ocorre um grande afloramento (SW) que dá nome ao monte e onde está implantado o casario, parece inflectir para o interior, eventualmente não fechando completamente. Um alinhamento de entradas está orientado a 120º, o qual é idêntico ao recinto de Outeiro Alto 2 (Serpa), ou seja, alinhado ao solstício de Inverno. À superfície recolheu-se cerâmica manual, um segmento de lâmina em sílex e alguns percutores.
No magnetograma são ainda visíveis anomalias alongadas no sentido SO-NE que correspondem a filões geológicos e que, devido ao seu magnetismo, perturbam a imagem obtida no magnetograma.
Está implantado na extremidade de uma zona aplanada, cobrindo parte da vertente para uma ribeira, não revelando um grande controlo visual sobre a paisagem, que se estende sobretudo para Oeste.
Trata-se de mais um exemplar dos recintos cerimoniais de fossos sinuosos padronizados característicos da bacia do Guadiana (com paralelos nos vizinhos Borralhos, Folha do Ouro e Outeiro Alto ou nos mais distantes Santa Vitória ou Rouca 7).”
O Monte da Laje está muito próximo (apenas alguns quilómetros) de outros recintos com as mesmas características (fossos sinuosos padronizados, circularidade e concentricidade dos desenhos arquitectónicos e entradas alinhadas a eventos celestes. A particularidade a sublinhar aqui é, contudo, a proximidade entre estes recintos. Essa proximidade pode não corresponder a contemporaneidade, já que apenas um destes sítios (Outeiro Alto) está datado em termos absolutos (pelo radiocarbono). Poderiam ser recintos de curta duração que se sucedem no tempo. Mas todos os recintos de fossos com este desenho padronizado datados no Alentejo revelam uma cronologia tardia dentro do 3º milénio a.C. (nomeadamente entre 2500-2250). O que sugere uma proximidade cronológica a somar à proximidade espacial entre estes recintos cerimoniais do concelho de Serpa. Uma situação difícil de explicar sem escavações alargadas nestes recintos, mas que poderá traduzir situações de competição social entre diferentes grupos locais, construindo os seus próprios recintos cerimoniais, mas obedecendo a um mesmo conjunto de prescrições que se traduzem numa significativa padronização do desenho arquitectónico dos recintos.
Prospecção de superfície e prospecção geofísica por magnetometria.
Ainda por publicar.
Localização administrativa
União das freguesias de Serpa (Salvador e Santa Maria), Concelho de Serpa, Distrito de Beja.
Acesso
Propriedade privada. Acesso condicionado ao sítio, que se encontra em terreno plantado. Acesso ao ponto de observação: automóvel normal.
Coordenadas do sítio (centro)
37.958282, -7.499980
ou
37°57'29.8"N 7°29'59.9"W
Ponto de Observação
37.955653, -7.502742
Localização Google Maps
https://goo.gl/maps/ZJHoDAbNMKa7fdJB8
Cronologia
Idade do Crobre, 3º milénio a.C.