Folha do Ouro 1
Conjunto de recintos circulares ou sub-circulares concêntricos, apresentando seis fossos.
Os dois recintos interiores são constituídos por um único fosso cada, enquanto os recintos mais exteriores são definidos por duplo fosso. Inúmeras anomalias (pontos negros no magnetograma) indicam fossas escavadas na rocha dentro dos recintos. Apresenta dois alinhamentos de entradas, um orientado a Sudeste e outro a sudoeste.
” Os fossos, com larguras que variam entre os 1.75m e 3,5m (e com profundidades que poderão atingir os 2m) são sinuosos padronizados, excepto no fosso exterior dos duplos, que é linear, definindo recintos que têm diâmetros entre 30m para o mais interior e 220m para o mais externo. Delimitam áreas que vão dos 707m2 aos 34636m2. As larguras dos fossos variam entre 1.75m e 3.5m, com profundidades em torno aos 2/2.5m
À superfície, registaram-se fragmentos de recipientes cerâmicos, lâminas em sílex, dormentes de mó manual, percutores esferóides, machados de pedra polida, seixos talhados e um lingote de cobre.
O sítio localiza-se no topo aplanado (227m de altitude) de uma suave elevação, sobranceira ao vale pouco encaixado do Barranco da Morgadinha, estando a Este da elevação de cota mais alta onde se localiza o marco geodésico da Folha do Ouro. Ou seja, não se procurou o ponto mais alto e de maior controlo visual. Na realidade, embora se localize numa elevação, a visibilidade sobre a paisagem envolvente é relativamente limitada por topografias de cotas mais elevadas das áreas próximas do sítio, como a que se regista no ponto de observação estabelecido neste circuito.”
“A morfologia sinuosa lobulada regular, assim como o número médio de lóbulos e tendência circular e concentricidade, aproxima o recinto da Folha do Ouro 1 dos de Outeiro Alto 2, de Borralhos e Herdade da Laje (os próximos que integram este circuito), dos quais está relativamente perto, ou de Xancra (Cuba), Santa Vitória (Campo Maior) e Roca 7 (Sousel), que em conjunto constituem um tipo de recintos específico da bacia do Guadiana.
No caso da Folha do Ouro 1, contudo, ao padrão regular lobulado junta-se um outro padrão: o fosso duplo, com o fosso interno lobulado e o fosso externo linear. Uma situação conhecida em apenas outros dois recintos: no grande recinto da Salvada (Beja) e em Moreiros 2 (Arronches). Curiosamente, a equidistância entre os fossos que compõem estes fossos duplos é aproximadamente a mesma nos vários recintos em que ocorrem, entre 10 a 15 metros, sugerindo também aqui uma padronização que documenta a existência de planeamento e algum normativo na construção destes recintos cerimoniais.”
Prospecção de superfície e prospecção geofísica por magnetometria.
Valera, A.C.; Pereiro, T.; Valério, P.; Soares, A.M. (2020) – O recinto da Folha do Ouro 1 (Serpa) no contexto dos recintos de fossos calcolíticos alentejanos, Arqueologia em Portugal / 2020 – Estado da Questão. Actas do 3º Congresso da Associação dos Arqueólogos Portugueses, Lisboa, AAP: 29-42.
Localização administrativa
União de freguesias de Salvador e Sta. Maria, Concelho de Serpa, Distrito de Beja.
Acesso
Propriedade privada. Acesso ao sítio condicionado. Ao Ponto de Observação: Acesso em viatura normal.
Coordenadas do sítio (centro)
37.931816, -7.540635
ou
37°55'54.5"N 7°32'26.3"W
Ponto de Observação
37.924579, -7.539096
Localização Google Maps
https://goo.gl/maps/E8GKP7sT3RTqvz7G9
Cronologia
Idade do Crobre, 3º milénio a.C.