Está implantado num anfiteatro natural aberto a Este e à paisagem megalítica do Vale do Álamo, com a qual mantém uma relação visual significante.
Corresponde a um grande recinto de fossos, com cerca de 16ha. Apresenta uma planta de tendência circular e concêntrica, com 16 fossos já identificados, e uma longa cronologia que se estende desde o final do Neolítico Médio (c. 3400 a.C.) até ao início da Idade do Bronze (c. 2000 a.C.). A sua arquitectura incorpora princípios cosmológicos relacionados com o ciclo solar, apresentando entradas orientadas aos solstícios de Verão e Inverno ao nascer e pôr-do-Sol e aos equinócios, transformando o horizonte a Este, com a elevação de Monsaraz ao centro, num autêntico calendário anual do Sol nascente.
No interior e na periferia apresenta vários contextos funerários colectivos de deposições essencialmente secundárias (formando ossários) e vários outros contextos revelam a manipulação ritual de restos humanos. No seu centro foi identificada uma estrutura cerimonial de madeira (Timber Circle), a qual apresenta uma planta circular com 20m de diâmetro composta por vários círculos concêntricos de paliçadas e alinhamento de troncos. Trata-se de uma estrutura única a nível peninsular e que encontra os seus principais paralelos nas ilhas britânicas.
A par de estruturas habitacionais de carácter periódico (cabanas), inúmeros contextos e materiais revelam a realização de práticas ritualizadas e a integração em redes de trocas de larga escala, estando presentes materiais em marfim norte africano, calcário da Estremadura, variscite da Serra Morena, sílex da zona de Granada, conchas marinhas, cinábrio da mina de Almaden em Ciudad Real ou âmbar da Sicília. Estas relações estão igualmente reflectidas na mobilidade de pessoas e animais, com elevadas percentagens de indivíduos não locais (66% e 40% respectivamente) entre os restos já analisados. Estas altas percentagens de mobilidade reforçam o carácter de centro cerimonial de agregação em que os Perdigões se tornaram ao longo da sua extensa biografia.
Com um projecto de investigação ininterrupto desde 1998, liderado pela ERA Arqueologia S.A., com o apoio permanente do Esporão S.A. e a colaboração de inúmeras instituições nacionais e internacionais, os Perdigões têm uma longa lista de publicações, comunicações e teses académicas, na quase totalidade disponíveis online (https://perdigoes.org/bibliografia/)
Dois terços do complexo arqueológico encontram-se em propriedade do Esporão SA. e o restante terço (lado Sul) dividido por vários proprietários. Foi classificado como Monumento Nacional em 2019 e é hoje um dos sítios de referência internacional para a investigação das sociedades da Pré-História Recente.
Na Torre da Herdade do Esporão (Reguengos de Monsaraz) pode ser visitada uma exposição interpretativa deste notável sítio arqueológico.

Coordenadas
38.440512, -7.547684 ou

Localização Google Maps
https://goo.gl/maps/B6MBCcu1xD7BMqqe7