Algumas das fossas são cronologicamente anteriores à construção do recinto, revelando que o local já era frequentado e significante antes da construção do mesmo.

“O fosso interno apresenta uma planta sub-circular, com um diâmetro interno de 6/7 m. Tem uma única entrada orientada genericamente ao nascer do Sol no Solstício de Verão. No seu interior tem uma única fossa, onde se registou o enterramento de uma mulher. O Fosso exterior apresenta uma planta ovalada e um traçado serpenteante, medindo no seu eixo maior cerca de 32m. O fosso é constituído por segmentos que revelam dimensões muito variáveis, com profundidade entre 0.30m e 1.20m e larguras entre 1.30m e 2.40m, onde cada segmento parece ter sido construído quando o segmento anterior já estava preenchido. Apresenta duas entradas. Uma coincidente com a orientação da entrada do recinto interior ao soltício de Verão e a outra orientada a 270º, ou seja, ao pôr-do-sol nos equinócios. Trata-se de um recinto cerimonial, que incorpora fundamentos cosmológicos expressos pelas orientações das entradas a um solstício e aos equinócios. Nos fossos e fossas foram sobretudo recolhidos fragmentos de recipientes cerâmicos e restos de animais (suínos, ovicaprinos, bovinos, cervídeos, equídeos e lebres) que terão sido consumidos nas cerimónias que decorreram no recinto .
Encontra-se implantado numa superfície aplanada integrante da suave paisagem ondulante da zona de Beja, não revelando qualquer intenção de natureza defensiva ou de controlo visual sobre o território envolvente.”

Bela Vista 5 é o recinto de construção mais tardia até hoje datado no Alentejo, representando o ocaso da construção de recintos de fossos e da visão do mundo neolítica que os justificava. Parece ser um recinto construído em torno à sepultura de uma mulher, correspondente à única fossa que se localizava no interior de pequeno recinto central. O enterramento deste indivíduo do sexo feminino revelou a manipulação do corpo depois da sua deposição inicial (ossos remobilizados), e a ele estavam associados três recipientes cerâmicos, um punção em cobre e uma ponta de seta também em cobre, à qual estavam agarrados segmentos de fio em cânhamo. A associação de uma arma (a ponta de seta metálica) a um enterramento feminino é revelador de um estatuto diferenciado desta mulher, revelando que as armas não seriam um atributo exclusivamente masculino neste final de milénio, em que profundas alterações sociais se registam.

Foram realizadas escavações arqueológicas no âmbito da construção da Auto-estrada Sines – Beja

Valera, A.C. Coord. (2014), Bela Vista 5. Um recinto do Final do 3º milénio a.n.e. (Mombeja, Beja), Era Monográfica, 2, Lisboa, Nia-Era.

Localização administrativa
Beringel, Freguesia de Mombeja, Concelho e Distrito de Beja

Acesso
Propriedade pública. Sítio inacessível, pois foi destruído pela construção da auto-estrada. Ao Ponto de Observação: acesso em viatura normal.

Coordenadas do sítio (centro)
38.050141, -7.977645 ou 38°03'00.5"N 7°58'39.5"W

Ponto de Observação

Localização Google Maps
https://goo.gl/maps/KHPcuiYbZ68tEQHA9

Cronologia
Início da Idade do Bronze, final do 3º milénio antes de Cristo (2200-2000 a.C.).