Localiza-se na vertente esquerda do Guadiana, indo até à sua margem. Apresenta uma muralha exterior associada a um fosso e um recinto circular interior também com uma muralha associada a um fosso. No interior revelou várias estruturas de cabana circulares e no exterior uma necrópole constituída por pelo menos onze túmulos tendo sido escavado um que se revelou de tipo tholos (sepulcro de falsa cúpula).

O grande recinto é definido por uma muralha feita à base de lajes de xisto com 1.80m de largura máxima e um perímetro de 1700m, que se associa a um fosso com 5m de largura e 1m de profundidade. Estruturas posteriores, como um muro romano e uma cerca de propriedade, foram construída sobre esta estrutura pré-histórica, reutilizando-a. O recinto interior, com 130m de diâmetro máximo, era definido por uma outra muralha com 1.80m de largura e um fosso com 10m de largura e 3,75m de profundidade. No interior do grande recinto foram identificadas várias estruturas de cabana. As mais antigas eram circulares de ramagens entrelaçadas revestidas a barro e com lajes de xisto ao redor da base contendo as paredes. As mais recentes, igualmente circulares, apresentavam paredes em muro de pedra, com elevanção eventualmente em terra e diâmetros entre 6 e 8m. Pelo exterior do grande recinto, do seu lado sudoeste, identificaram-se 10 sepulcros, tendo sido um escavado e revelado uma tholos, de câmara circular e pequeno corredor de acesso, com uma orientação a Este. Um outro monumento isolado foi identificado a Este do recinto. Estruturas e enterramentos de época romana, relacionáveis com o vizinho sítio romano de El Pico, e de época medieval/moderna, relacionáveis com algumas ermitas existentes no local, foram indentificadas em vários pontos do sítio, documentando uma prolongada utilização do local ao longo da história.

Tratando-se de um grande recinto de fossos, apresenta a particularidade de associar aos fossos potentes muralhas. Esta associação é bastante rara, sendo a norma a não existência num mesmo sítio destes dois tipos de arquitectura. Em território português, esta circunstância apenas foi registada nos recintos do Monte da Ponte e Salgada (distrito de Évora), mas em ambos os casos não sabemos se estas estruturas funcionaram em simultâneo. Já em San Blás essa simultaneidade parece evidente.

Trabalhos de escavação arqueológica em diferentes sectores realizados no âmbito da minimização de impactes do regolfo da barragem de Alqueva, que submergiu parcialmente o sítio.

Hurtado, Víctor (2004), El asentamiento fortificado de San Blas (Cheles, Badajoz). III milénio AC., Trabajos de Prehistoria, 61(1): 141-155.

Localização administrativa
Município de Cheles, província de Badajoz, Espanha.

Acesso
Parte em terra batida.

Coordenadas do sítio (centro)
38.552248 -7.288039 ou 38º33'07.49"N 7º17'16.57"O

Localização Google Maps
https://maps.app.goo.gl/Tao7ZLcQrrLQsjWF9

Cronologia
Neolítico Final e Calcolítico (final do 4º ao final do 3º milénio a.C.)